segunda-feira, 26 de março de 2007

DEPÓSITO DE QUINHENTOS "MIO"

Você já falou ou ouviu alguém falar bem do atendimento bancário? Não? Por que será, então, que ninguém fala? Será por causa do serviço prestado? Deixa pra lá. Nunca vamos entender tudo isso mesmo.
Por isso vou contar a história de seu Antonio, homem humilde, traços de caboclo, calça arregaçada até o meio da perna, chapéu de pano encardido e embornal à tiracolo, acontecida um dia desses comigo.
-Me dê um picolé de roçêro ai, meu amigo. Disse seu Antonio com um ar de riso tímido.
-Não precisa sorrir assim desse jeito, sei que todo homem da roça só gosta de picolé de coco. Disse.
-Tô rino disso não moço,-retrucou seu Antonio, com um jeito matuto de falar- tô ainda me alembrando do gerente da caxa.- E voltou a sorrir-.
-Deve ter sido algo muito interessante. Disse curioso.
-Veja o sinhô, passei quais trêis hora de relójo isperano uma moça do banco, pra abrir uma conta de popança. Num aguentano mais isperá, fui até o gerente e disse: seu gerente, purquê tem qui demorá tanto prá abrir uma caderneta de popança? Ai ele me perguntô qual o valô. E eu respondi: o valô de quinhentos mio. Prô qui ele disse: agora mermo. E ligêrinho abriu minha popança. Disse tembém qui num pricisava nem eu pegá fila, ele mermo fazia questão de levá o dinheiro pro caxa. Feito os papel, eu intão intreguei cento e vinte e cinco real. Ai ele me disse: ôxe! o sinhô num mi disse que era o valô de quinhentos mio?! E eu respondi craro, se um cento de mio custa vinte e cinco real, quinhentos mio num vai custar cento e vinte e cinco? Ai ele disse: pensei qui fosse quinhentos mio real.
-Bem feito! (Falei para seu Antonio, no momento em que aquele sorriso de sabor inocente e matreiro nos seus lábios, passava a ter, também, o sabor de picolé de coco).


Até a próxima.

Um comentário:

Anônimo disse...

ADORAMOS!